quinta-feira, 30 de março de 2017

Reflexos do Espírito do Criador em nós


 
Presença refletida de varias formas
  


             Deus é puro e santo
    Seu olhar desvia-se de tudo que é mau e impuro.

Davi em suas orações roga a Ele que não se desvie dele, que não o abandone ou retire dele suas mãos e olhos. Em outras passagens bíblicas também encontramos afirmações que nos mostram claramente que a Santidade de Deus não se mistura com o que não é santo e bom.

Começamos a entender que quanto mais impuros, malvados e carregados de malícias, mais distantes estaremos do olhar e do coração Dele. Dificilmente ouviremos Sua voz e teremos a presença Dele em nós.

Quanto mais tivermos elementos do anti amor em nós, ou quanto mais percebermos em nosso coração características opostas a vida, mais sinalizamos e negamos a Graça e a misericórdia Dele em nós e na terra.

Se quisermos estar na presença Dele e desejarmos que Ele nos veja, que o amor Dele nos alcance, precisamos nos ajustar no lugar, na condição que proporcione esse vínculo e nosso relacionamento com Ele.

Aprender a ajustar nossa lente interna para longe das maldades e escolher a todo tempo a bondade desde os nossos pensamentos, sentimentos e ações fará com que nossos passos se alinhem aos Dele. Essa é a nossa parte possível.

Ao estarmos diante de qualquer circunstância, situação ou pessoas cabe a nós buscar identificar o que está ocorrendo em nosso interno, se for o bem, a presença Dele se fará em nós. Olhar com bondade para o caus, agir com bondade sobrepondo a maldade, expressa Graça e Amor.

Estar ao lado de pessoas ou locais que nos estimulem ao mal se torna complicado e cansativo. Nossa luta será maior e intensificada, precisaremos dar conta de não entrarmos no processo que nos está sendo proposto. Nesses ambientes, o convite será sempre de nos envolver com aquilo que não é bom.

Pensar já nos fará mal, olhar também e agir muito mais, pois isso nos distanciará Dele.

Vamos considerar que você seja alérgico a algum produto e o contato com ele lhe cause uma reação danosa a ponto de deformá-lo. O fato de entrarmos em contato com o produto altera todo nosso metabolismo e recebemos as reações que a rejeição cause.

Pois bem, assim podemos arriscar ser com Deus. Se formos um com Ele, ao entrar em contato com o que não é bom nem puro de nós, causará consequências na identidade Dele. Mas não somos nós quem causamos mal à Ele pois nosso mal não o atinge, no entanto, Ele não estará em nós pelo fato da identidade Dele não reconhecer nada em nós.

Compreendo que isso é o que gera o distanciamento Dele conosco. Ele simplesmente não se contamina com o que é nosso, pois caso o faça sua Santidade de Deus estará contaminada.

Precisamos considerar que o trabalho que cabe a nós é identificar (discernir) e tentar fazer o que conseguimos, lembrando que para nós é impossível darmos conta sozinhos ou acreditar que essa conquista ocorre por mérito nosso. Reconhecer o trabalho que o Espírito Santo faz com aquilo que ao menos tentamos. “No mínimo tentar” e o pouco que conseguimos, faz com que Ele consiga nos perceber na direção que estamos nos dispondo seguir.

Toda e qualquer mínima ação nossa, dentro de nós que possua pureza e bondade faz com que se torne possível uma aproximação por mínima que seja ou o suficiente para que nos mantenhamos vivos e tendo algum relacionamento com Ele, mesmo com tanta distância.
Sendo Ele espírito (invisível), cuja leitura e identificação usada para manter-se ligado a nós não está naquilo que fazemos de concreto, mas no que pensamos, sentimos, intencionamos. Elementos abstratos, invisíveis como, por exemplo, amar, perdoar, respeitar, sermos justos quebram as barreiras e nos aproxima Dele.

É de nossa responsabilidade querer, desejar “buscar de todo coração” essa reaproximação e é da escolha Dele nos aceitar, pois somente Ele poderá identificar o que há de bom e puro em nós e o quanto será possível se aproximar de nós. O buscar de todo coração mostra nossa boa intenção, uma pitada de nós expressando querer estar diante do que é bom e puro.

Dois ou três reunidos em nome Dele, serão dois ou três se fortalecendo no bem, serão dois ou três atraindo Seus reflexos.

Entendo que o desejo Dele seja maior que o nosso em querer essa reaproximação, uma vez que Ele faz de tudo para que o conheçamos. A todo tempo nos prova seu amor e bondade nos enchendo de cuidados.

E por fim, penso que os reflexos da bondade Dele em nós se manifestarão tão logo nossos passos na direção Dele seja real e verdadeiro.

Uma vez possuindo reflexos Dele em nós, nos tornamos pessoas espiritualizadas, sensíveis para ouvi-lo, percebê-lo e expressar a presença Dele em nós e a quem quer que esteja ao nosso redor.

Por enquanto, na nossa condição humana, apenas com reflexos Dele são suficientes para manter uma relação e uma comunhão através de uma relação livre e distanciando-nos do que não é bom.

Com relação ao que não é bom, não devemos nem pensar, nem intuir ou dar espaço para se movimentar dentro de nós. Mesmo sabendo que o mal existe em toda ação de quem não possui vínculo com Deus, não podemos acionar nossa atenção ou olhar isso. Assim como nosso Pai não o faz para não comprometer a santidade e a bondade Dele, nós como filhos e estando em comunhão com Ele nos tornando semelhantes, assim também não devemos fazê-lo. Nosso olhar "precisa" ser de bondade por pior que pareça a situação. 

A direção de todo pensamento, sentimento e ato estarão sempre na direção do que é bom, para assim podermos pertencer a Ele plenamente.

Tenho por mim que a santidade que Ele quer de nós está alojada nas nossas intenções, nos nossos pensamentos, sentimentos e ações, e não em áreas específicas do nosso ser. No entanto, é fato que algumas áreas refletem muito mais daquilo que nosso interior esteja cheio. Nosso coração, nossos ouvidos, nossos olhos estão vinculados e são transmissores do nosso interno para nosso externo.

                                                     Iseli Cruz – Março/17

sábado, 4 de março de 2017

Ansiedade, solidão e medos.


 
Sentimentos que sobrevêm 

a partir de um adoecimento emocional,

trazem grande sofrimento na alma humana.



Resolvi trazê-los como sintomas que conhecemos comumente muitas vezes porque já experimentamos ou por conhecermos quem o vivencia.

Eles em conjunto ou separadamente podem estar presentes nas características que a psiquiatria apresenta ao diagnosticar diversos males contidos nas chamadas fobias sociais.

Ao que me parece e apresentado pelas literaturas, são variados fatores que contribuem para o surgimento das ansiedades desde tempos antigos, mas hoje, na atualidade não é necessário observarmos muito para percebermos que a tecnologia causa ansiedades, que a sociedade causa ansiedade e todo ser humano está ligado a ela de alguma maneira.
É nesse sentido que ela é considerada o mal do século.

Mas aqui quero falar de duas formas de expressão que ela se apresenta e normalmente diagnosticada com diferencial, no entanto, ambas trazem sofrimentos que conduzem a solidão.

São os chamados comportamentos fóbicos - evitação ou mórbidos.

Esse tipo de ansiedade é apresentado pela pessoa que muitas vezes não consegue se relacionar ou conviver socialmente e intimamente expressando medo, timidez, sentimento de inferioridade, hipersensibilidade a avaliações negativas, medo de críticas, desaprovação, rejeição ou o próprio medo de desagradar.

Esses sentimentos invadem profundamente a mente da pessoa comprometendo quase o todo da sua vida dependendo do grau que ela esteja presente.

Toda pessoa que possui a tendência a inibição, ao isolamento, ou simplesmente a timidez pode estar sinalizando possuir esse tipo de ansiedade em graus variados.

Essas pessoas apresentam barreiras excessivas claras ou às vezes difusas de contato humano e relações profundas, por medo de terem que enfrentar situações que não saibam resolver.

Alguns casos entretanto “aparentemente” são pessoas consideradas sociáveis, mas não relacionáveis, porque elas se expressam com naturalidade, simpatia e circulam sem serem percebidas com tais características, no entanto, ao se depararem com situações em que necessitam se aprofundar nas questões que exigem um posicionamento definido e seguro de alguma opinião ou escolha, a ansiedade dispara. Em função disso, a pessoa evita relacionamentos profundos.

Com o tempo, com o amadurecimento ou até por exaustão, a pessoa desenvolve cada vez mais barreiras sociais ou também evitamento de relacionamentos profundos.

Essa acaba sendo a razão da solidão, porque aos poucos a pessoa vai ficando sozinha até mesmo dos vínculos familiares.

Há um medo permanente de ser confrontado, por isso o termo fóbico. Dentro da pessoa há um dispositivo acionado tentando registrar situações de perigo, quer seja o de ser reprovado, rejeitado, menosprezado, desvalorizado, criticado, inferiorizado.

Acaba por se afastar dos relacionamentos para sentir-se aliviado, seguro e confortável ao estar sozinho.

Cada caso requer um olhar de cuidado, no entanto, todos precisam de cuidados. Dependendo do nível ou grau que se instala e se desenvolve é necessário tratamento com medicamentos, psicoterapias, mas essencialmente essas pessoas precisam de relações de segurança.

Para elas surge sempre a pergunta: “como conseguirei isso se todos representam perigo?”.

Temem se relacionar por medo do outro.

Um ser humano com medo do outro ser humano.

Por mais que já estejamos avançados nas descobertas para tratamentos, a própria modernidade apresenta riscos com o que vamos descobrindo, pois temos limitações para conhecer a complexidade da mente humana e o que nós mesmos estamos fazendo para nos prejudicar.

Uma das coisas que mais colaboram para o aumento da ansiedade do medo são as relações mal sucedidas. Quer seja na família cujas relações são mais estreitas e íntimas, quer sejam nos vínculos afetivos conjugais, quer sejam no namoro ou nas amizades, toda vez que uma dessas relações se desestabiliza leva a pessoa a se afastar e aumentar o medo. Muitas famílias desconhecem em seus próprios membros o sofrimento, tendenciando a mascarar ou até mesmo compreender como característica semelhantes de um para com outro.

Em contra partida, são as próprias relações intimas seguras que são fator central para a recuperação e a superação da pessoa que desse transtorno sofre.

Esses e tantos outros fatores fazem com que a demanda da doença cresça e a própria medicina se vê limitada aos tratamentos. Clínicas e consultórios estão cheios e o aumento cada vez mais das dosagens de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos também.

Nesse cenário amplo que envolve o sofrimento humano entra a espiritualidade do Cristo, do Deus que vê, sabe, trata as profundezas da alma humana.

O convite do Cristo que ama e cura vem através do texto do evangelho de Mt. 11:28-30 “Vinde a mim, todos que estais cansados, abatidos, oprimidos e Eu vos aliviarei.... Achareis descanso para vossas almas... Sou manso e humilde de coração, meu julgo é suave e meu fardo é leve”. Como que dizendo: “Não os cobrarei, apenas peço que confiem!”

Ao aceitar esse convite de vínculo seguro, a ansiedade irá sendo gradativamente superada.

Essa é a relação de segurança incontestável que todo ser humano que sofre de ansiedade, depressão, solidão e medo poderão confiar.
 
E nesse processo, cada pessoa deve e precisa fazer sua parte através dos tratamentos necessários e da busca de relacionamentos seguros com pessoas que sabem acolher e amar. 

Iseli Cruz – Março/17