Sentimentos que sobrevêm
a partir de um adoecimento emocional,
trazem grande sofrimento na alma humana.
Resolvi trazê-los como sintomas que conhecemos comumente muitas
vezes porque já experimentamos ou por conhecermos quem o vivencia.
Eles em conjunto ou separadamente podem estar presentes nas
características que a psiquiatria apresenta ao diagnosticar diversos males
contidos nas chamadas fobias sociais.
Ao que me parece e apresentado pelas literaturas, são variados fatores que contribuem para o
surgimento das ansiedades desde tempos antigos, mas hoje, na atualidade não é
necessário observarmos muito para percebermos que a tecnologia causa
ansiedades, que a sociedade causa ansiedade e todo ser humano está ligado a
ela de alguma maneira.
É nesse sentido que ela é considerada o mal do século.
Mas aqui quero falar de duas formas de expressão que ela se apresenta e normalmente diagnosticada com diferencial, no entanto, ambas trazem sofrimentos que conduzem a solidão.
São os chamados comportamentos fóbicos - evitação ou mórbidos.
Esse tipo de ansiedade é apresentado pela pessoa que muitas vezes
não consegue se relacionar ou conviver socialmente e intimamente expressando medo, timidez,
sentimento de inferioridade, hipersensibilidade a avaliações negativas, medo de
críticas, desaprovação, rejeição ou o próprio medo de desagradar.
Esses sentimentos invadem profundamente a mente da pessoa
comprometendo quase o todo da sua vida dependendo do grau que ela esteja
presente.
Toda pessoa que possui a tendência a inibição, ao isolamento,
ou simplesmente a timidez pode estar sinalizando possuir esse tipo de
ansiedade em graus variados.
Essas pessoas apresentam barreiras excessivas claras ou às
vezes difusas de contato humano e relações profundas, por medo de terem que
enfrentar situações que não saibam resolver.
Alguns casos entretanto “aparentemente” são pessoas consideradas sociáveis, mas não relacionáveis, porque elas se expressam com
naturalidade, simpatia e circulam sem serem percebidas com tais
características, no entanto, ao se depararem com situações em que necessitam se
aprofundar nas questões que exigem um posicionamento definido e seguro de
alguma opinião ou escolha, a ansiedade dispara. Em função disso, a pessoa
evita relacionamentos profundos.
Com o tempo, com o amadurecimento ou até por exaustão, a pessoa desenvolve cada vez
mais barreiras sociais ou também evitamento de relacionamentos profundos.
Essa acaba sendo a razão da solidão, porque aos poucos a pessoa
vai ficando sozinha até mesmo dos vínculos familiares.
Há um medo permanente de ser confrontado, por isso o termo
fóbico. Dentro da pessoa há um dispositivo acionado tentando registrar
situações de perigo, quer seja o de ser reprovado, rejeitado, menosprezado,
desvalorizado, criticado, inferiorizado.
Acaba por se afastar dos relacionamentos para sentir-se aliviado, seguro e confortável ao estar sozinho.
Cada caso requer um olhar de cuidado, no entanto, todos precisam
de cuidados. Dependendo do nível ou grau que se instala e se desenvolve é
necessário tratamento com medicamentos, psicoterapias, mas essencialmente essas
pessoas precisam de relações de segurança.
Para elas surge sempre a pergunta: “como conseguirei isso se todos
representam perigo?”.
Temem se relacionar por medo do outro.
Um ser humano com medo do outro ser humano.
Por mais que já estejamos avançados nas descobertas para
tratamentos, a própria modernidade apresenta riscos com o que vamos
descobrindo, pois temos limitações para conhecer a complexidade da mente humana
e o que nós mesmos estamos fazendo para nos prejudicar.
Uma das coisas que mais colaboram para o aumento da ansiedade do
medo são as relações mal sucedidas. Quer seja na família cujas relações são
mais estreitas e íntimas, quer sejam nos vínculos afetivos conjugais, quer
sejam no namoro ou nas amizades, toda vez que uma dessas relações se desestabiliza
leva a pessoa a se afastar e aumentar o medo. Muitas famílias desconhecem em seus próprios membros o sofrimento, tendenciando a mascarar ou até mesmo compreender como característica semelhantes de um para com outro.
Em contra partida, são as próprias relações intimas seguras que
são fator central para a recuperação e a superação da pessoa que desse transtorno sofre.
Esses e tantos outros fatores fazem com que a demanda da doença
cresça e a própria medicina se vê limitada aos tratamentos. Clínicas e
consultórios estão cheios e o aumento cada vez mais das dosagens de
medicamentos antidepressivos e ansiolíticos também.
Nesse cenário amplo que envolve o sofrimento humano entra a
espiritualidade do Cristo, do Deus que vê, sabe, trata as profundezas da alma
humana.
O convite do Cristo que ama e cura vem através do texto do
evangelho de Mt. 11:28-30 “Vinde a mim, todos que estais cansados, abatidos,
oprimidos e Eu vos aliviarei.... Achareis descanso para vossas almas... Sou manso e humilde de coração, meu julgo é suave e meu fardo é leve”. Como que dizendo: “Não os cobrarei, apenas peço que
confiem!”
Ao aceitar esse convite de vínculo seguro, a ansiedade irá sendo gradativamente superada.
Essa é a relação de segurança incontestável que todo ser humano que
sofre de ansiedade, depressão, solidão e medo poderão confiar.
E nesse processo, cada pessoa deve e precisa fazer sua parte através dos tratamentos
necessários e da busca de relacionamentos seguros com pessoas que sabem acolher
e amar.
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