domingo, 3 de dezembro de 2017

A carência feminina


                
Elaboro essa reflexão a partir de minhas experiências tanto no âmbito pessoal, como profissional, através da prática do atendimento clínico. Após anos em que acompanho os conflitos de adolescentes e mulheres em busca de se encontrarem, algumas conclusões me são possíveis. Não tenho intenções de fechar as questões com relação a minha percepção, e nem mesmo questionar outras idéias sobre esse tema, pelo contrário, meu desejo é abrir novos caminhos, compartilhar e receber contribuições. Todas no intuito de agregar algum proveito para que assim como eu, possamos compreender e crescer no desconhecido, contidos em nosso vasto campo emocional afetivo.
Espero um dia acompanhar mulheres felizes, sempre indo de encontro ao melhor que tenham a oferecer umas as outras.

Quem suprirá meu vazio humano?                                                            
Não tem idade, não tem classe social, cultural ou estado civil, algumas intensas, outras moderadas ou leves. Ela está dentro de nós em alguma fase da vida.

Percebo a carência como um sentimento que pode ser desenvolvido desde o início da infância. Na maioria das vezes, apresentada visivelmente na menina, enquanto no menino mais raramente e quando apresentada nele, é expressa de outras formas considerando ter o menino o olhar para fora, e a menina, para dentro. Quando começa a ser demonstrada, a princípio, pode ser confundida com ciúmes.

Da fonte de seu surgimento até a adolescência, a carência parece causar uma série de conflitos entre irmãos e amiguinhos, não vindo necessariamente da falta de atenção ou carinho dos pais, embora a ausência de afeto a eleve assustadoramente.  Por outro lado, crianças amadas, respeitadas e valorizadas tendem a ter um grau de carência menor, tendo as necessidades apresentadas de formas diferentes.

Quando a menina chega à idade da adolescência, apresenta mudanças na forma de expressar a carência, que diferente do período da infância, na qual era confundida com ciúmes dos coleguinhas ou dos irmãozinhos, passa a ser demonstrada pela rivalidade, inveja ou competição.

Parece que somente ao fim da adolescência e começo da juventude, a carência se instala de forma efetiva e de fato representada como falta de amor ou vazio da alma. Na trajetória, até esse momento, muitos fatores estariam interferindo e influenciando, no sentido de colaborar com os diferentes graus para ela se expressar, estando envolvidos os fatores culturais, nível sócio econômico ou condição afetiva no núcleo familiar. Percebi que criança que nasce e vive em um ambiente de atenção, melhor suprida de alimento, vestimenta, lazer saudável e recursos lúdicos satisfatórios, possui tendências a desenvolver necessidades de carência diferenciadas de crianças de poder aquisitivo ou ambiente cheio de restrição ou pobreza.

Diante dessas observações, considerei que muitos fatores fazem parte da formação emocional e estrutural, influenciando o nível de carência de uma mulher.

Dependendo de como a carência é tratada e cuidada, ela pode diminuir significativamente com a chegada da maturidade ou até mesmo superada e ocorrendo isso, diria que a mulher poderia estar experimentando seu melhor, a partir daí.

Por tratar-se de uma questão complexa, ao perceber os efeitos que ela traz durante todo o ciclo da vida, notei que a carência feminina pode comprometer o desenvolvimento intelectual e o desempenho profissional e afetivo de uma mulher.

A carência feminina, dependendo do grau que atinge, passa a levar sérios comprometimentos, muitas vezes sendo necessário ser tratada por psicoterapia e/ou medicações, podendo até causar dependências, depressão, comprometimento de relações sociais, familiares e conjugais.

O que é tratado popularmente como algo inofensivo e muitas vezes banalizado, percebo que a carência pode ser alvo de inúmeros problemas relacionais e na grande maioria ou quase totalidade, tratou-se de questões que não foram resolvidas dentro de cada menina, cujo emocional foi mal trabalhado ou mal percebido. E na idade adulta, já sendo uma mulher, poderá ser focalizada, ou melhor, pretensa a ser preenchida em uma relação íntima afetiva conjugal.

Ainda, quando a carência não foi focada para relações afetivas conjugais, ela pode estar mascarada por trás das dependências, compulsões ou comportamentos autodestrutivos. Considerando ainda que ela não esteja sozinha, mas acompanhada de outros funcionamentos contidos no emocional.
Carência na relação amorosa.
Nem sempre a escolha de um namorado pode ser considerada “por acaso” (nesse aspecto, valendo para mulheres e homens), ao considerarmos que podemos carregar em nossas memórias aspectos identificados de nossas primeiras relações familiares, mais objetivamente falando, de nossos pais).
Na mulher carente que olha para o rapaz que lhe agrada, penso que ela possui uma dose a mais de expectativa quanto ao que ele possa lhe oferecer, quanto à forma afetiva que ele irá tratá-la. Ela demonstra “precisar” que o rapaz seja carinhoso, prestativo, atencioso, paciente e dedicado a ela. “Essa necessidade a qual me refiro, estaria para além do esperado dentro da relação afetivo-emocional, importante para o nascimento do vínculo afetivo saudável”.
Características de uma mulher carente:
. Geralmente é uma mulher meiga, agradável, simpática e compreensiva.
. Também é comum ser uma pessoa responsável, generosa e habilidosa.
Dinâmica do funcionamento emocional:
A meu ver, o desenvolvimento dos processos abaixo pode ocorrer exatamente por possuir uma carência. Salvo exceções, trata-se de uma pessoa normalmente sensível.

Considerando ter vivenciado a falta de algo em seu emocional, algo que para ela era essencial e não foi suprida, ela sofreu a falta, o vazio e com isso, a dor. Viveu momentos nos quais experimentou sofrimento profundo, mesmo que fosse por sua percepção infantilizada ou mal interpretada. Essa experiência a sensibilizou, fazendo com que possuísse em seus registros internos que viver a falta de algo traz sofrimento. Esse processo a levaria a considerar que toda pessoa possui essa falta, que toda pessoa sofre quando não é devidamente atendida. Com isso, passou a buscar em seu inconsciente, pessoas com características semelhantes às dela, ou ainda em outras possibilidades, pessoas para supri-la, possuindo em seu emocional uma eterna necessidade, apresentada por mecanismos de defesa que acabam por tornar suas futuras relações afetivas frágeis e instáveis.

Penso que várias hipóteses fazem com que a carência seja a causa geradora de relacionamentos mal sucedidos – “Ofereço a alguém aquilo que gostaria de receber ou quando não, ofereço a alguém, logo, também receberei”.

Parece que esse pensamento lógico e não verdadeiro se fixa nela, estando presente em quase todo relato ou queixa durante um desentendimento conjugal – “Eu fiz tanto por você”!
Os comportamentos apresentados nas relações afetivas irão se tornando visivelmente demonstrados por ansiedade neurótica, apego excessivo, queixas, excesso de dedicação, controle, chantagem, manipulação, vitimização, insegurança e cobrança.
Carência e egoísmo.
Também observei o comportamento egoísta nela, compreendendo que ele não necessariamente tenha se desenvolvido devido à carência, mas sim contido e expresso pela forma que a pessoa o utiliza em sua necessidade de preenchimento. A mulher carente traria dentro de si a expectativa de que seu suprimento venha de outros e de fora. Esperando que todos facilitem as coisas em seu benefício, que olhem mais para ela, que atendam suas necessidades, que a admirem mais, que reservem todo tempo para ela, que a priorizem que cedam a tudo, que se movimentem em sua direção para agrados e afetos, que abram mão das coisas em detrimento a ela. Esse funcionamento acaba por tornar seus relacionamentos de afeto desgastantes, exaustivos para quem está em seu convívio. Além disso, percebo que toda pessoa egoísta possui uma dosagem significativa de frieza e indiferença às necessidades dos outros, costumando considerar que todos que estão ao redor lhe atendam, incluindo a sociedade, governo e até mesmo Deus. A carência desenvolveu uma transformação de suas características a tornando em uma pessoa egoísta e insensível às necessidades dos outros.
Carência e dependência emocional/afetiva.
Esse tópico merece reflexão especial, ele fez-me deparar em minha experiência pessoal e profissional como o motivo de maior queixa apresentada por mulheres no consultório nos últimos anos. Pretendo escrever mais detalhadamente em outro momento para que o tema proposto não fique extenso e cansativo. O considero um dos principais temas a ser discutido na atualidade quando o assunto é independência feminina. Ele marca uma mudança significativa do papel da mulher, a partir da conquista da independência financeira e profissional.

A mulher atual que já tenha conquistado sua autonomia financeira apresenta estrutura para manter-se e viver sozinha, mas muitas delas desenvolveram a dependência afetivo-emocional, muitas estão presas por dependência aos seus relacionamentos.

Parece que a dependência emocional/afetiva envolve mulheres de todas as classes sociais, em minha opinião até esse momento, é que ela colabora muito para gerar níveis de audiência nas histórias dos romances e registra a maioria dos trágicos finais de relacionamentos. Também me parece ser ela que impede a ruptura para a descoberta plena de quem ela é, seu potencial e qual papel estaria pronta para desempenhar no mundo. Portanto, limito-me apenas a mencionar aqui que em minha opinião, incompleta, a carência feminina embala no colo a dependência afetiva ou vice versa, registrando seus efeitos danosos contra o desenvolvimento da mulher.    
Carência que gerou falta de amor próprio e dificuldade de amar.
Uma vez que na mulher, possuidora dessa carência, estaria implícita a baixa auto-estima em que ela não se considera uma pessoa amável, nem está satisfeita consigo mesma. Possuindo uma auto-imagem empobrecida, desvalorizada e incompreendida, se percebendo aquém das outras mulheres, desqualificada e com poucos atrativos. Acredito serem esses sentimentos e pensamentos comuns dentro dela.
Outro aspecto, é que a carência contribua quanto à expressão da própria afetividade. Fazendo com que, pouco a mulher consiga conhecer o outro e suas necessidades afetivas, interferindo na forma que ela caminha em direção a ele, na maioria das vezes, partindo em busca somente daquilo que deseja receber. Nesse caso, a mulher carente pouco saberia sobre o amor, ao quanto se ama e também o quanto possui de capacidade para amar alguém. Apresentando dificuldades para amar sem cobranças e ao que parece, ela estaria em busca de se preencher com o amor recebido do outro.
Quem preencherá meu vazio humano?
Partindo de meus pensamentos, quero descrever o vazio humano como uma sensação estranha, desconfortável, difícil de ser descrita e que todo ser humano em algum momento da vida o sentirá pelos mais diferentes motivos. Percebendo na mulher carente, ele ser semelhante a um carro acionado constantemente, carregado por muitas fantasias contendo seus medos, medos de não suportar experimentá-lo por completo, tentando todo o tempo criar caminhos novos na expectativa de evitar a experiência. Incluindo a isso, o fato de que quanto mais ela se desenvolve quer seja intelectualmente, ou materialmente, mais faz uso de recursos para fugir dele. Não tentaria descrever aqui as tentativas e diferentes formas de preenchimento que ela usa, até porque, depende muito dos recursos internos ou externos que cada mulher possua.

Entendo que a tentativa de preenchê-lo geralmente estava sendo buscada através de algo concreto, palpável, por acreditar que algo fora de si cumpriria essa missão. O egoísmo, a inveja funcionando dentro da mulher carente, dizia a ela para correr atrás ou exigir, ou se submeter, ou chorar até que algo ou alguém a atenda, quando, ela colocava em prática comportamentos dentro de seus relacionamentos que geravam um funcionamento insuportável para ambos.  A busca seria frustrada, permanecendo o vazio dentro dela mais vivo que nunca. Ela não se dava conta que ninguém teria sensibilidade suficiente para suprir seu vazio, por ser fruto da construção dela mesma. Nenhuma bolsa Louis Vuitton, nenhum Armani, nenhuma pele, cabelo ou corpo perfeito, nenhuma joia, iate, ilha, nenhum Don Juan ou príncipe. Nada de fora, nada de concreto, nada de gentil inteligência, nenhum rito religioso. Nenhum sacrifício, nenhuma terapia nem treinamento neurológico.

Parece-me que o Criador sabiamente assim fez o homem e a mulher, para que jamais nada nem ninguém os escravize. Nada que venha de fora ou de mãos humanas consegue preencher o vazio humano, pois assim cada um está chamado a desenvolver seu próprio potencial.

Penso que a carência apresenta um estado de vazio, algo não palpável nem legitimamente identificado, um sentimento, uma emoção experimentada vinda do invisível. Para mim, isso estaria a dizer que provavelmente seu preenchimento não virá do concreto. O visível, tocado não poderia preencher o não tocável, o invisível. Parece que o invisível tem suas manifestações em si mesmo, no simbólico, porém real, sendo que somente o que irá fazer sentido para a carência seja um elemento da mesma ordem.

Se o corpo físico é suprido por alimentos físicos, nosso emocional invisível só poderá ser suprido por carinho, afeto, alegria e amor (seu próprio amor, suas próprias alegrias conquistadas, suas próprias realizações), todos os elementos invisíveis, porém sentidos. O que a mulher carente precisaria perceber é que ninguém irá preenchê-la lhe fazendo coisas, é ela e somente ela quem poderá fazer isso por ela. Através da sensibilidade que possui, das fragilidades que precisa conhecer em si mesma e do que significa ser mulher
.  
É possível que uma mulher sinta-se feliz ao se conhecer melhor, ao mesmo tempo em que descobre seus próprios limites, aprenda com o fato de ser incompleta, imperfeita, e impotente, e que o equilíbrio desses dois lados traz bem estar.

Sendo importante perceber que o medo da dor do vazio, pode ser representado por um monstro desdentado alimentado nas fantasias de cada mulher, e que só assustará enquanto é desconhecido, como quase tudo que é desconhecido traz desconforto e medo. Muitas vezes pode se passar uma vida inteira fugindo dele, criando mecanismos de defesa para não enfrentá-lo.

Quem preencherá meu vazio humano? Eu mesma, ao aprender a me amar de forma saudável.
O que é amar-me de forma saudável? É obter a consciência de quem sou, reconhecer meu potencial.  Não para tornar-se super mulher, mas para partir em busca do equilíbrio entre o que sou e o que não sou o que tenho de forte e o que tenho de fragilidades. É fazer escolhas saudáveis, aquelas que ao invés de apenas trazerem prazer momentâneo e alegrias superficiais, colaborem para meu crescimento.   
Conclusão da nossa reflexão
Parece-me que quando a mulher aprende a lutar por seus próprios sonhos amadurece, se fortalece e se torna mais humana. No caminho descobre seus talentos, suas habilidades, descobre sua força, seu potencial, por outro lado, entra em contato com suas fraquezas e suas fragilidades, além de descobrir também o valor de outras pessoas.

Quero concluir dizendo que quando uma mulher exercita a capacidade de lutar por seus próprios sonhos, pode superar sua carência humana.

Em minha opinião talvez “toda garota” deveria apaixonar-se por si mesma e/ou por uma causa antes de se apaixonar por um homem, assim entraria em uma relação afetiva mais consciente e confiante em si mesma.  


Iseli Cruz – Fevereiro/2016.

  

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Qual sua idade ?

Quantos anos você tem?
                             

Para saber a soma dos seus anos de vida, segundo Cristo, considere o quão de bem você já realizou, o quanto você já perdoou de mal que fizeram a você, o quão justo você é naquilo que realiza em tudo que faz, quer seja para com você mesmo, quer seja para com as pessoas que precisam de você, quer seja na gratidão que sente por Deus, para com o Criador.

Nisso consiste a vida, nosso viver aqui.

Consiste em amar como Cristo amou, consiste em perdoar como Ele nos perdoou e consiste em sermos gratos a Deus de coração.


A soma disso nos informará os dias de vida que vivemos de fato.
Serão esses nossos bens que levaremos para a eternidade, que nos dirão o quanto vencedores fomos e nos garantirá que valeu a pena os anos vividos na terra!

Iseli Cruz

Nov/17

domingo, 26 de novembro de 2017

O amor acaba ?

Amor que é amor, não acaba; se transforma.
Amor que é amor cura.
Amor que é amor eterniza.

O amor, o maior e mais sublime dos sentimentos está dentro do ser vivo, traz dentro de si o ingrediente capaz de eternizar quem ama.
Quantas vezes pensamos nas relações de amor que envolvem família, amizades, namoro, e conjugalidade, como se fosse algo temporário?

Quantas vezes dizemos que não vale a pena amar quem não nos ama?
Quantas vezes tememos amar, para não sofrer decepções?
Quantas vezes nem acreditamos no amor?
Quantas vezes ouvimos que o amor acabou?



Se tudo isso que passa dentro de nós, ao menos uma vez na vida, fosse verdadeiro e real, não existiriam vínculos relacionais e nem tão pouco estaríamos aqui.

O que alimenta a existência humana é o amor,

O que une elos na existência é o amor.

O que resgata o ser humano das suas doenças e cria possibilidades de existir na eternidade, também é ele.

Porque o amor é Deus, e o amor que doamos nutre nosso ser e nos une à Ele.

Por mais que nós não o experimentamos em sua plenitude, nem mesmo por um filho, (digo isso porque, por vezes vacilamos em até mesmo educar nossos filhos no amor), muitas vezes não conseguimos agir com amor que precisamos, devido aos nossos medos que nosso laço de amor com o filho se rompa.

Tenho para mim que amor que é amor, cura e não acaba; se transforma e se eterniza.

Faço aqui uma metáfora sobre o amor:

Quando amamos, o amor que oferecemos penetra no ser de quem amamos.

Caso essa pessoa acolha e saiba nutrir esse amor, haverá um novo sentido a existência dessa pessoa, podendo curá-lo. Mas, se caso ela não faça nada com esse amor, mesmo assim, o amor estará alojado lá no profundo e íntimo desta.

Quando essa pessoa partir da vida humana e passar para outra existência, levará dentro de si o amor que outrora a oferecemos, e esse amor estará indo para a eternidade.

Lá, esse amor não será mais pertencente ao corpo, mas ao universo do Criador. Assim, estará indo de encontro à sua raiz, que é o próprio Deus.

Para mim, amor verdadeiro não morre, amor se transforma em ternura, em respeito, em fraternidade.

O Criador do amor o acolhe em forma de gratidão por aquele ser, que enquanto foi humano, o nutriu e o ofereceu, fazendo com que ele exalasse na atmosfera invisível.

A meu ver, quando amamos, estamos construindo nosso lar, nosso lugar na eternidade. Assim, eu e você, mesmo antes de chegar lá, teremos elementos daquilo que começamos a construir aqui, nos aguardando.

Pense; todas as pessoas que receberem o seu amor, estarão levando dentro de si, o que de melhor você as ofereceu.

O mesmo se dará com você através das pessoas que te amam, você estará levando dentro de você aquilo que elas lhe doaram.

Quem ama aqui, experimenta Deus dentro de si, mesmo antes de chegar lá.


Iseli – Nov/17.

domingo, 12 de novembro de 2017

Relacionamento maduro.

Ter o que oferecer
é amar.


Bom seria se ao iniciarmos um relacionamento afetivo fosse possível haver algumas perguntas feitas e respondidas dentro de nós tais como – o que tenho a oferecer de bom a essa pessoa, ou, o que gostaria de dividir da minha intimidade com ela, ou, o que ela tem de experiências para trocarmos e crescermos juntos?





Na maioria das vezes, mergulha-se de cabeça sem dar conta de que nem um dos dois está pronto.
O mais comum é sair à busca daquilo que a pessoa tem a oferecer, na expectativa que sejamos felizes juntos.

É triste assistirmos pessoas partindo em busca de sucessivos relacionamentos quer tenham sido casadas ou não, sem terem amadurecidos com tais experiências.

Precisamos ir prontos para oferecer e termos em mente que já aprendemos a nos cuidar e também suprir nossas necessidades além de alguns recursos na bagagem.

Sair à busca de alguém para nos suprir quer seja materialmente ou afetivamente é garantia de frustrações.

Bem como querer cuidar de alguém, pois na relação afetiva não é nossa função principal, a pessoa que está diante de mim também precisa saber se cuidar, caso contrário tudo se tornará um peso durante a caminhada.

Entrar na vida de alguém para cuidar ou esperando sermos cuidados, é como querer que alguém junte nossos cacos e querer juntar dos cacos da outra pessoa.

Sendo adultos e maduros, cada qual deve ser responsável para dar conta de juntar os próprios cacos que trazem na bagagem, podendo já ter transformado tais cacos em mosaicos.

Ao sabermos cuidar de nossos próprios conflitos, contribuiremos para uma relação leve e alegre, do contrário, atribuiremos ao outro uma responsabilidade acima da qual ele/ela dará conta.

Em nossa atualidade e nas relações entre adultos, consideramos que a relação acontecerá entre dois inteiros e não entre duas metades, pois é comum que cada qual inicie um relacionamento já tendo vivido experiências anteriores e que passarão a lidar com o que tem no presente e o que virá pela frente.

Esse é o ganho das relações maduras, pessoas cuja trajetória chegou à autonomia e aprendeu a serem agente de si mesmo ou que pelos menos já tenham consciência disso e estejam a caminho.


Iseli Cruz – Nov/17

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Amar ...


Amar é respeitar o tempo da outra pessoa, a deixar crescer na maneira que ela consegue que sabe e que escolhe.
Por isso ouvimos e lemos frases como “amar é deixar ir”, ou "quem ama liberta".
É difícil para pais com filhos na fase da autonomia, muitas vezes assisti-los fazerem algumas escolhas incompletas, sabendo nós, que existem caminhos mais curtos e mais completos, para eles chegarem onde precisam chegar.
Temos que fazer um exercício tremendo para não insistir, não controlar, não manipularmos querendo que eles façam aquilo que julgamos melhor para eles.

Se assim agirmos, estaremos impedindo que eles tenham suas próprias experiências e se tornem eternos imaturos e dependentes de nós, não cometerão erros, equívocos ou até não saberão arcar com as consequências no futuro.
Com a justificativa de queremos “ajudar”, poupamos nossos filhos nessa idade de aprenderem com suas próprias escolhas.
Também é muito difícil nas relações conjugais, onde um dos parceiros esteja ainda imaturo em alguma área ou até mesmo tenha opinião diferente da nossa.
O marido ou a esposa insiste para que o outro faça isso ou aquilo que “acha” ser o melhor para ele/ela.
Na relação conjugal é muito complicado quando queremos “ensinar” porque nessa relação não cabe essa palavra mais, pois não são nossos filhos ou filhas. Nessa relação o nome é controle ou necessidade de resolver questões paternas ou maternas dentro da relação.
Muitos maridos e muitas esposas, por insegurança, medo de perder ou até mesmo por sentirem-se mais maduros ou responsáveis pela relação, estabelece esse padrão de relacionamento dominador.
Jesus, nossa referência de sabedoria, mestre em amar por Ele ser o próprio amor, nos ensina que em nossas relações é necessário identificar o que é “bom” e “saudável” para a pessoa e não para nós.
Aprendermos a deixar nossos filhos crescerem ou nossos cônjuges serem quem são, implica em efeitos em nós que ainda não sabemos lidar.
Precisamos trabalhar em nós nossas tendências equivocadas sobre o nosso jeito de amar que é imperfeita para aprendermos a amar como Jesus.  Ele é Perfeito e Maduro e quer nos ensinar como de fato é amar de forma madura e saudável.


Iseli Cruz – Nov./17

sábado, 4 de novembro de 2017

De mulher para mulheres

Livre e leve.
A liberdade de caminhar como quiser e onde quiser num final de tarde pode render uma boa reflexão!
Quero falar de uma querida chamada Ana, prometi escrever sobre ela.
Convido você que está lendo a incluir Ana em seu nome porque aqui cabe muitas Anas.
Essa Ana é estilo carioca amineirada, tem uma história de vida peculiar como quase todas as mulheres.
A admiro em várias coisas em principal o caráter, a liberdade de expressar-se e sua beleza.
Quero falar dessa beleza e dessa liberdade para todas as Anas.
A meu ver a beleza da mulher está nessas duas coisas – caráter e liberdade.
A mulher que possui um “ser” livre e com caráter torna-se linda independe da aparência física, classe social, da formação, idade ou estado civil.
A mulher com tais características torna-se encantadora.
O oposto não funciona, caso ela possua tudo descrito acima, seja linda e até sensual, porém sem caráter perde a beleza e a liberdade, acaba por tornar-se presa a um dos piores cárceres que adoecem uma mulher.
A liberdade possui um jeito de manifestar-se no jeito de ser natural, na espontaneidade.
Faz com que saibamos lidar com coisas sérias brincando e sair de situações difíceis sorrindo.
Um tempo atrás falei uma frase para outra querida – “A liberdade é reveladora” e descobrimos muitas coisas nisso, porque sem liberdade não sabemos quem somos, precisamos da liberdade do nosso ser para nos tornarmos belas e atraentes, independente de termos ou não o que citei acima.
Essa liberdade que me refiro está dentro de nós e quando estamos ou somos aprisionadas por algo que nos impeça de expressá-la adoecemos e perdemos nosso melhor.
Por isso fujamos ou nos libertemos de todo tipo de aprisionamento, quer sejam vícios, mágoas, ressentimentos, pessoas dominadoras, neuroses, sexo doentio, dependências, relacionamentos violentos, religiosidade, trabalho, ganâncias, carências e outros cárceres que a sociedade e os sistemas nos propõem.
De todos esses que cito o mais comum nas mulheres ainda são os relacionamentos doentios e as dependências.
É perfeitamente possível conseguirmos relacionamentos saudáveis, que preserve nossa liberdade interna.
A Ana consegue isso !!
É muito triste presenciar mulheres com seu ser aprisionado, tornam-se pesadas, sem brilho, sem espontaneidade morrendo aos poucos sem conseguir serem elas mesmas.
Cristo disse que viemos para termos nosso “ser” livre, pois sendo assim nos tornaremos semelhantes a Ele.
Ele luta conosco para o conseguirmos. Ele é parceiro de toda mulher que conta com Ele.
Sejamos Anas !!


Iseli Cruz – Nov/17

terça-feira, 11 de julho de 2017

Amor incondicional

Lenir e Jaci Aguiar
O amor incondicional pode ser um caminho estabelecido por Cristo para que o ser humano se identifique e se reconheça uns nos outros.

Uma prática simples e pura como Ele.

Um ato que todos podem praticar.

Diferente dos demais relacionamentos que estabelecemos que geram vínculo duradouro, tal como nas relações conjugais, namoro, amizade, pais e filhos ou profissional, esses, sobrevivem apenas se houver participação e compromisso duplo, enquanto que no amor incondicional não necessariamente.

Na palavra AMOR lemos respeito e cuidado, na palavra INCONDICIONAL lemos isenção de condições.

Amor incondicional é um gesto humano focado na necessidade e não nas características da pessoa.

Deparamos-nos, diante de alguém necessitando de algo que temos a oferecer, desprendemos do preconceito, do julgamento e dos critérios de análise, atendemos a necessidade humana e seguimos caminho.

Cristo assim agia, andava no meio de tantos, curava, aconselhava, libertava e seguia em frente.

Ele pede algo simples de nós - socorrer aquele que está desprovido e fragilizado impotente para dar conta de si mesmo.
Um gesto, um ato de amor sem impor condições, que não envolve romantismo ou sentimentalismo, nem mesmo razões, explicações ou justificativas.
Apenas uma decisão despretensiosa, desprendida, desconectada independente de quem seja a pessoa. Conhecido ou não, bom ou mau, nacional ou estrangeiro, parecido ou diferente de mim.

O que nos conduz ao outro uma vez que não há vínculo ou afeto? A compaixão.
Toda pessoa legitimamente humana e saudável se compadece diante do choro, da dor, sofrimento ou necessidade de outro ser humano. Quando isso não acontece, é sinal que há algo de errado em nosso humano e podemos nos tornar desnecessários.

Sempre temos algo a oferecer, quer seja água, alimento, roupa, remédio, socorro ou até mesmo apoio, orientação, abraço ou oração.
 
O que desperta a compaixão em nós diante da necessidade do outro é o vínculo humano. O dna colocado pelo Criador em todos nós para ser acessado através do olhar, da consciência e da sensibilidade de uns para com os outros.

Esse é o primeiro e mais importante de todos os mandamentos – “Amem como vos amo, amem como a ti mesmo”.

A prática do amor incondicional gera benefícios para quem está sendo socorrido e traz cura a quem o pratica.

É interessante que o que Cristo nos pede para praticar envolve sempre dois ou mais seres humanos e leva a nossa transformação e nosso bem ao praticarmos. Assim como o amor, acontece com o perdão e a justiça.

Simples, puro, objetivo, ato de respeito e cuidado comigo e com o outro. Esse gesto chama-se amor incondicional.

Cristo nos convida a segui-lo, deixando nossos critérios de lado e praticando-o.


 Iseli – Jul/17

terça-feira, 27 de junho de 2017

Ato de bondade faz bem.

Todo ato de bondade, como por exemplo, dar um abraço, praticar generosidade, ajudar pessoas gratuitamente e espontaneamente, faz bem ao outro, mas principalmente a nós mesmos.
Isso mostra que cientificamente, emocionalmente e espiritualmente fomos feitos para sermos bons e dotados para o bem.
É responsabilidade nossa promover também o nosso próprio bem-estar.
Toda vez que praticamos o bem, estimulamos a produção de hormônios, nosso cérebro faz uma leitura específica capaz de gerar sensação de prazer e bem estar. Um deles é o ocitocina, hormônio que quando produzido influencia nosso bom humor e nos traz sensação de bem-estar.

Fazer o bem é uma alegria, um prazer.
Fazer o bem nos faz bem.
Fazer o bem nos torna saudáveis, podemos superar tristezas e depressão. 
Fazer o bem nos torna amigos e próximos do Criador.


Iseli-Jun/17

quinta-feira, 30 de março de 2017

Reflexos do Espírito do Criador em nós


 
Presença refletida de varias formas
  


             Deus é puro e santo
    Seu olhar desvia-se de tudo que é mau e impuro.

Davi em suas orações roga a Ele que não se desvie dele, que não o abandone ou retire dele suas mãos e olhos. Em outras passagens bíblicas também encontramos afirmações que nos mostram claramente que a Santidade de Deus não se mistura com o que não é santo e bom.

Começamos a entender que quanto mais impuros, malvados e carregados de malícias, mais distantes estaremos do olhar e do coração Dele. Dificilmente ouviremos Sua voz e teremos a presença Dele em nós.

Quanto mais tivermos elementos do anti amor em nós, ou quanto mais percebermos em nosso coração características opostas a vida, mais sinalizamos e negamos a Graça e a misericórdia Dele em nós e na terra.

Se quisermos estar na presença Dele e desejarmos que Ele nos veja, que o amor Dele nos alcance, precisamos nos ajustar no lugar, na condição que proporcione esse vínculo e nosso relacionamento com Ele.

Aprender a ajustar nossa lente interna para longe das maldades e escolher a todo tempo a bondade desde os nossos pensamentos, sentimentos e ações fará com que nossos passos se alinhem aos Dele. Essa é a nossa parte possível.

Ao estarmos diante de qualquer circunstância, situação ou pessoas cabe a nós buscar identificar o que está ocorrendo em nosso interno, se for o bem, a presença Dele se fará em nós. Olhar com bondade para o caus, agir com bondade sobrepondo a maldade, expressa Graça e Amor.

Estar ao lado de pessoas ou locais que nos estimulem ao mal se torna complicado e cansativo. Nossa luta será maior e intensificada, precisaremos dar conta de não entrarmos no processo que nos está sendo proposto. Nesses ambientes, o convite será sempre de nos envolver com aquilo que não é bom.

Pensar já nos fará mal, olhar também e agir muito mais, pois isso nos distanciará Dele.

Vamos considerar que você seja alérgico a algum produto e o contato com ele lhe cause uma reação danosa a ponto de deformá-lo. O fato de entrarmos em contato com o produto altera todo nosso metabolismo e recebemos as reações que a rejeição cause.

Pois bem, assim podemos arriscar ser com Deus. Se formos um com Ele, ao entrar em contato com o que não é bom nem puro de nós, causará consequências na identidade Dele. Mas não somos nós quem causamos mal à Ele pois nosso mal não o atinge, no entanto, Ele não estará em nós pelo fato da identidade Dele não reconhecer nada em nós.

Compreendo que isso é o que gera o distanciamento Dele conosco. Ele simplesmente não se contamina com o que é nosso, pois caso o faça sua Santidade de Deus estará contaminada.

Precisamos considerar que o trabalho que cabe a nós é identificar (discernir) e tentar fazer o que conseguimos, lembrando que para nós é impossível darmos conta sozinhos ou acreditar que essa conquista ocorre por mérito nosso. Reconhecer o trabalho que o Espírito Santo faz com aquilo que ao menos tentamos. “No mínimo tentar” e o pouco que conseguimos, faz com que Ele consiga nos perceber na direção que estamos nos dispondo seguir.

Toda e qualquer mínima ação nossa, dentro de nós que possua pureza e bondade faz com que se torne possível uma aproximação por mínima que seja ou o suficiente para que nos mantenhamos vivos e tendo algum relacionamento com Ele, mesmo com tanta distância.
Sendo Ele espírito (invisível), cuja leitura e identificação usada para manter-se ligado a nós não está naquilo que fazemos de concreto, mas no que pensamos, sentimos, intencionamos. Elementos abstratos, invisíveis como, por exemplo, amar, perdoar, respeitar, sermos justos quebram as barreiras e nos aproxima Dele.

É de nossa responsabilidade querer, desejar “buscar de todo coração” essa reaproximação e é da escolha Dele nos aceitar, pois somente Ele poderá identificar o que há de bom e puro em nós e o quanto será possível se aproximar de nós. O buscar de todo coração mostra nossa boa intenção, uma pitada de nós expressando querer estar diante do que é bom e puro.

Dois ou três reunidos em nome Dele, serão dois ou três se fortalecendo no bem, serão dois ou três atraindo Seus reflexos.

Entendo que o desejo Dele seja maior que o nosso em querer essa reaproximação, uma vez que Ele faz de tudo para que o conheçamos. A todo tempo nos prova seu amor e bondade nos enchendo de cuidados.

E por fim, penso que os reflexos da bondade Dele em nós se manifestarão tão logo nossos passos na direção Dele seja real e verdadeiro.

Uma vez possuindo reflexos Dele em nós, nos tornamos pessoas espiritualizadas, sensíveis para ouvi-lo, percebê-lo e expressar a presença Dele em nós e a quem quer que esteja ao nosso redor.

Por enquanto, na nossa condição humana, apenas com reflexos Dele são suficientes para manter uma relação e uma comunhão através de uma relação livre e distanciando-nos do que não é bom.

Com relação ao que não é bom, não devemos nem pensar, nem intuir ou dar espaço para se movimentar dentro de nós. Mesmo sabendo que o mal existe em toda ação de quem não possui vínculo com Deus, não podemos acionar nossa atenção ou olhar isso. Assim como nosso Pai não o faz para não comprometer a santidade e a bondade Dele, nós como filhos e estando em comunhão com Ele nos tornando semelhantes, assim também não devemos fazê-lo. Nosso olhar "precisa" ser de bondade por pior que pareça a situação. 

A direção de todo pensamento, sentimento e ato estarão sempre na direção do que é bom, para assim podermos pertencer a Ele plenamente.

Tenho por mim que a santidade que Ele quer de nós está alojada nas nossas intenções, nos nossos pensamentos, sentimentos e ações, e não em áreas específicas do nosso ser. No entanto, é fato que algumas áreas refletem muito mais daquilo que nosso interior esteja cheio. Nosso coração, nossos ouvidos, nossos olhos estão vinculados e são transmissores do nosso interno para nosso externo.

                                                     Iseli Cruz – Março/17

sábado, 4 de março de 2017

Ansiedade, solidão e medos.


 
Sentimentos que sobrevêm 

a partir de um adoecimento emocional,

trazem grande sofrimento na alma humana.



Resolvi trazê-los como sintomas que conhecemos comumente muitas vezes porque já experimentamos ou por conhecermos quem o vivencia.

Eles em conjunto ou separadamente podem estar presentes nas características que a psiquiatria apresenta ao diagnosticar diversos males contidos nas chamadas fobias sociais.

Ao que me parece e apresentado pelas literaturas, são variados fatores que contribuem para o surgimento das ansiedades desde tempos antigos, mas hoje, na atualidade não é necessário observarmos muito para percebermos que a tecnologia causa ansiedades, que a sociedade causa ansiedade e todo ser humano está ligado a ela de alguma maneira.
É nesse sentido que ela é considerada o mal do século.

Mas aqui quero falar de duas formas de expressão que ela se apresenta e normalmente diagnosticada com diferencial, no entanto, ambas trazem sofrimentos que conduzem a solidão.

São os chamados comportamentos fóbicos - evitação ou mórbidos.

Esse tipo de ansiedade é apresentado pela pessoa que muitas vezes não consegue se relacionar ou conviver socialmente e intimamente expressando medo, timidez, sentimento de inferioridade, hipersensibilidade a avaliações negativas, medo de críticas, desaprovação, rejeição ou o próprio medo de desagradar.

Esses sentimentos invadem profundamente a mente da pessoa comprometendo quase o todo da sua vida dependendo do grau que ela esteja presente.

Toda pessoa que possui a tendência a inibição, ao isolamento, ou simplesmente a timidez pode estar sinalizando possuir esse tipo de ansiedade em graus variados.

Essas pessoas apresentam barreiras excessivas claras ou às vezes difusas de contato humano e relações profundas, por medo de terem que enfrentar situações que não saibam resolver.

Alguns casos entretanto “aparentemente” são pessoas consideradas sociáveis, mas não relacionáveis, porque elas se expressam com naturalidade, simpatia e circulam sem serem percebidas com tais características, no entanto, ao se depararem com situações em que necessitam se aprofundar nas questões que exigem um posicionamento definido e seguro de alguma opinião ou escolha, a ansiedade dispara. Em função disso, a pessoa evita relacionamentos profundos.

Com o tempo, com o amadurecimento ou até por exaustão, a pessoa desenvolve cada vez mais barreiras sociais ou também evitamento de relacionamentos profundos.

Essa acaba sendo a razão da solidão, porque aos poucos a pessoa vai ficando sozinha até mesmo dos vínculos familiares.

Há um medo permanente de ser confrontado, por isso o termo fóbico. Dentro da pessoa há um dispositivo acionado tentando registrar situações de perigo, quer seja o de ser reprovado, rejeitado, menosprezado, desvalorizado, criticado, inferiorizado.

Acaba por se afastar dos relacionamentos para sentir-se aliviado, seguro e confortável ao estar sozinho.

Cada caso requer um olhar de cuidado, no entanto, todos precisam de cuidados. Dependendo do nível ou grau que se instala e se desenvolve é necessário tratamento com medicamentos, psicoterapias, mas essencialmente essas pessoas precisam de relações de segurança.

Para elas surge sempre a pergunta: “como conseguirei isso se todos representam perigo?”.

Temem se relacionar por medo do outro.

Um ser humano com medo do outro ser humano.

Por mais que já estejamos avançados nas descobertas para tratamentos, a própria modernidade apresenta riscos com o que vamos descobrindo, pois temos limitações para conhecer a complexidade da mente humana e o que nós mesmos estamos fazendo para nos prejudicar.

Uma das coisas que mais colaboram para o aumento da ansiedade do medo são as relações mal sucedidas. Quer seja na família cujas relações são mais estreitas e íntimas, quer sejam nos vínculos afetivos conjugais, quer sejam no namoro ou nas amizades, toda vez que uma dessas relações se desestabiliza leva a pessoa a se afastar e aumentar o medo. Muitas famílias desconhecem em seus próprios membros o sofrimento, tendenciando a mascarar ou até mesmo compreender como característica semelhantes de um para com outro.

Em contra partida, são as próprias relações intimas seguras que são fator central para a recuperação e a superação da pessoa que desse transtorno sofre.

Esses e tantos outros fatores fazem com que a demanda da doença cresça e a própria medicina se vê limitada aos tratamentos. Clínicas e consultórios estão cheios e o aumento cada vez mais das dosagens de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos também.

Nesse cenário amplo que envolve o sofrimento humano entra a espiritualidade do Cristo, do Deus que vê, sabe, trata as profundezas da alma humana.

O convite do Cristo que ama e cura vem através do texto do evangelho de Mt. 11:28-30 “Vinde a mim, todos que estais cansados, abatidos, oprimidos e Eu vos aliviarei.... Achareis descanso para vossas almas... Sou manso e humilde de coração, meu julgo é suave e meu fardo é leve”. Como que dizendo: “Não os cobrarei, apenas peço que confiem!”

Ao aceitar esse convite de vínculo seguro, a ansiedade irá sendo gradativamente superada.

Essa é a relação de segurança incontestável que todo ser humano que sofre de ansiedade, depressão, solidão e medo poderão confiar.
 
E nesse processo, cada pessoa deve e precisa fazer sua parte através dos tratamentos necessários e da busca de relacionamentos seguros com pessoas que sabem acolher e amar. 

Iseli Cruz – Março/17