domingo, 19 de fevereiro de 2017

Felicidade II - Mudanças

Passos leves porém firmes.

As mudanças são fundamentais para nossa vida espiritual e emocional. Ela nos conduz para algo melhor, algo novo. Ao identificarmos que algo não vai bem, a primeira necessidade intrínseca dentro de nós é o desejo que aquilo se modifique.

Toda pessoa em busca da felicidade está inconscientemente dizendo que está infeliz em alguma área da sua vida. Ninguém procura pelo que possui, buscamos aquilo que nos faz falta, que não possuímos.

Mudança na prática é sair de uma forma de viver e caminhar em outra direção, fazer diferente da maneira que está sendo feito.

Mudamos nossa casa, nossa roupa, nosso carro, nosso trabalho e tudo aquilo que se refere ao material e ao que temos acesso.

Mudança do ser é a transformação do jeito de olhar para fora, do sentir, do agir. É deixar de ser e fazer o que nos causa mal.

Somos imaturos e adoecidos em algumas áreas, por vezes carregamos aspectos enraizados de nossa própria história emocional e espiritual que nos impedem de sermos gente de verdade, por isso, existem áreas que não conseguimos mudar por nós mesmos.

O profeta Jeremias apresenta a seguinte pergunta: “Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal? Jr.13:23”.

Provavelmente ele está falando das áreas profundas que acostumamos e até viciamos praticar, a ponto de penetrarem de tal maneira em nós como as manchas do leopardo, até nos faz pensar que somos assim mesmos. São aqueles maus hábitos, vícios, práticas destrutivas. São as áreas que somente o Espírito de Deus conhece, penetra e pode atuar.

Por isso Davi orou “Cria em mim um coração puro e renova em mim um espírito estável – Sl. 51:10”.  Falando do profundo humano, do emocional representado pelo coração de carne, entrelaçado ao espiritual. Áreas invisíveis e abstratas que não conseguimos realizar mudanças por nós mesmos.

Nesse caso, a mudança essencial é a de conscientizarmos de duas coisas:
1) Estou infeliz. 2) Não consigo mudar algumas coisas em mim sozinho.

Essa é a mudança que quebra nosso individualismo e nossa ilusão onipotente.

Podemos chamá-la de primeira cura em nós.

Ela é sempre marcada por uma consciência, e por uma necessidade de mudar – “o discernimento e escolha para o bem”. 

Algumas pessoas já conscientes, determinadas e centradas chegam a dedicar-se por inteiro tornando a necessidade de mudança em foco.

Focar é estar consciente daquilo que queremos, é buscar meios estruturados para realizar. Também é escolher cautelosamente a boa maneira de realizar. Quando estamos focados, buscamos percorrer um caminho para agir sem que nossas escolhas nos traga sofrimento ou cause sofrimento a outros.

Ao tornarmos nossa busca de mudança em foco mostramos-nos pessoas maduras, responsáveis.

Mas há casos de sermos levados a obsessão, mostrando que algo em nós está adoecido. Ao deixar de ser foco e transformar-se em obsessão sutilmente saímos do construtivo para o formato destrutivo.

A obsessão nos cega para com outras áreas importantes, além disso, ela faz com que nossa ansiedade dispare e nossas escolhas sejam feitas por impulsos.

A obsessão por algo consome a mente, o coração, o corpo, a alma e o espírito. Faz com que nossa energia se vá e nossa insensatez nos domine.

A obsessão está além dos vícios, ela é um comportamento sinalizador de áreas mal resolvidas das nossas vidas, que na maioria das vezes promove grandes dores a nós e a pessoas com quem nos relacionamos. Ela desgasta. Gera stress e inquietação em nosso ser. Não há paz ou sentimento de felicidade no coração de uma pessoa que vive assim, pois não há tempo necessário de acolhimento na alma para vivências profundas e verdadeiras. Só aumenta o vazio.

Assim tem sido nossa busca, nos tornamos obsessivos. O espírito humano está inquieto, instável e angustiado em busca de felicidade. Todos a buscam. 

Alguns no poder, no controle, no comando, no dinheiro, nas conquistas materiais, no excesso de trabalho, no sexo, nas drogas, nas bebidas, nas trocas de pessoas, em vários casamentos, na religiosidade, na casa perfeita, na fama, nos filhos perfeitos, no corpo perfeito, na saúde exemplar. Enfim, uma angústia profunda presente e real, às vezes disfarçada, camuflada.

Cristo praticamente não fala desse termo “felicidade”. Ele fala de paz, alegria, contentamento, preenchimento do vazio e plenitude. Ele fala que saciará nossa fome e nossa sede. Ele usa elementos físicos para nos mostrar que nos preencherá do vazio oculto.

Ele sabe que estamos precisando na verdade é da junção do espírito humano ao Espírito do Criador, tornarmos-nos um espírito Nele. Nossa segunda cura.

Ele propõe caminhos que trazem a cura e a mudança que realmente precisamos dentro de nós em nosso ser. Ele garante um viver melhor e diferente do que tem sido.

A mudança requer uma escolha, passos que devem ser dada por nos. Responsabilidade nossa para algumas ações, algumas práticas que precisarão ser deixadas para traz, – a isso podemos chamar de mudança da nossa parte.

Considere exemplos de ação que dependem de você: Você escolhe (dentro de você) fazer seu jantar, mas não compra os ingredientes, não aprende a receita e não vai ao fogão. Seu jantar não se realizará. Ou, escolhe (dentro de você) ir ao estádio de futebol assistir o jogo final de campeonato, mas não se informa sobre local, horários e custo. Não compra os ingressos e não vai até o estádio. Certamente não assistirá a final do seu time. Ou ainda percebe (dentro de você) que está em um trabalho destrutivo, mas não se engaja a enviar currículos, a aperfeiçoar-se, dessa forma não obterá êxito para um trabalho saudável.

A escolha é nossa, a ação transformadora é do Cristo, a escolha de mudar depende de nós, o processo de ação oculta vem Dele. É uma parceria, uma relação. Acontecerá na intimidade com Ele, durante nossos passos e nossas ações. Ele não invadirá o ser de ninguém, ele é um cavalheiro ético, aguarda ser chamado.

Obter a felicidade requer discernimento e escolha para mudanças, envolvimento espiritual com Cristo e prática do bem.


Iseli Cruz – Fev./17

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