domingo, 29 de janeiro de 2017

Desconstruindo ódio, construindo amor.

Você é fundamental nessa ideia !!
 O Ódio gratuito e o amor

Concordo com a ideia de que o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença.

“Uma vez que na indiferença mata-se a pessoa de dentro, enquanto que no ódio existe uma pulsão de emoção na direção da pessoa. Essa pulsão alimenta a existência daquela pessoa dentro de nós – isso é vida”.  

Ou seja, o ódio gratuito pode ser uma pulsão carregada de elementos destrutivos e inconscientes que fazem com que se olhe para alguém negativamente, expressando comumente uma crítica.

Então quem odeia, necessariamente não ama, ou melhor, quem odeia pode estar amando - pode tratar-se de sentimentos antagônicos.

É um tipo de ódio sem consistência devido ao que lhe mantém ser um equívoco.

Muitos são os motivos que podem levar alguém a desenvolvê-lo, porém todos esses motivos estão pautados no antagonismo entre ódio e amor. É aquele desconforto que não é explicado quando se olha uma pessoa. Sem causa legítima, começa-se a encontrar um defeito ou algo que não gostou a fim de justificar-se.

Trabalho com a ideia de que essas pessoas “odiadas” trazem a tona lembranças inconscientes, conteúdos mal resolvidos e registros de experiências que causaram marcas negativas. No entanto, elas nada fizeram diretamente. Por isso o termo "gratuito". Seria mais ou menos algo como alguém pagando o preço por áreas mal resolvidas e desconhecidas da pessoa que sente o ódio.

Nasce através da antipatia gratuita, da expressão que os antigos usavam chamando de implicância, crescendo sem razão concreta, podendo até chegar a atos de vingança. Acontece no ambiente familiar, no trabalho, no social, nas igrejas, na faculdade, na coletividade. Implica-se com o próximo, com o diferente, com o governo.

Chamado de ódio ao intensificar dentro da pessoa e na medida em que outras pessoas endossam, apoiam ou instigam, validando a pessoa acreditar que tem toda razão em não gostar.

Por isso é tão importante possuir amizades saudáveis e maduras, pois, essas amizades podem auxiliar a desmontar a criação desse sentimento destrutivo, uma vez que boas amizades auxiliam na reflexão que a pessoa está criando na mente.

O ódio gratuito pode ser desfeito, ou se tornar crônico.

Pode tornar-se crônico pelo fato de alimentar cada vez mais fantasias e motivos para distanciamento e receber apoio de outros que possuem a mesma fração doentia que a pessoa.

A pessoa que possui tendência a odiar gratuitamente pode ter comportamento critico, preconceituoso, rígido, imaturo para se relacionar e pouco conhecimento de si mesmo.

Para desconstruir, é necessária em primeiro lugar, a pessoa perceber que ela própria está se tornando amarga, que a repetição do comportamento está lhe causando um grande mal.
Esse sentimento, enrijece e atrofia a mente de quem o sente, esfria o coração.
Em segundo lugar, dar passos de aproximação na direção da pessoa, conhecê-la de fato, desmontar a construção irreal. Ao deparar-se com uma pessoa real, que foi uma construção equivocada, o ódio pode transformar-se em amor.
São passos que farão a desconstrução dos pensamentos e das ideias negativas que alimentava.

Muitas vezes a pessoa que odeia precisa de mais amor na própria vida. Esse pode ser o fato de odiar. Odeia a vida que não lhe foi ou não é satisfatória, passa a odiar pessoas aleatórias que sejam representantes de suas insatisfações emocionais.

Precisa também perdoar sua história, perdoar a primeira pessoa que lhe negou ou que causou a primeira frustração. Esse foi o momento que gerou tal sentimento pela primeira vez. É como se a vida houvesse lhe negado algo que não aceita ficar sem.


É provável que a origem desse ódio gratuito possa vir das primeiras relações afetivas não satisfatórias, não afetuosas ou ainda, característica da própria criança que precisava ser trabalhada pelos pais desde bem cedo.

Considere o exemplo do bebê que quando quer mamar simplesmente chora, demonstra insatisfação chorando. Outro bebê que não chora, mas morde o peito da mãe por não estar sendo saciado. Esse bebê que morde, está demonstrando mais pulsão por sua necessidade não estar sendo atendida. Dá sinais de ser uma criança mais exigente, menos tolerante. 

Uma mãe madura, sensível e afetuosa irá acalmando aos poucos seu bebê e ensinando outras formas de reagir, recusará a mordida, “apenas a mordida e não o bebê”. Uma mãe que não esteja bem, simplesmente retira o seio e enraivece com o bebê instintivamente. O bebê tende a piorar, internalizar como sentimento de rejeição. Pode passar a ser grudado na mãe em excesso, principalmente para mamar. Cada criança possui sua interpretação interna.

O bebê enraivecido se torna o adolescente intolerante e o adulto que odeia. Está revivendo ódios inconscientes das necessidades exigidas e não atendidas. Passa a transferir a pessoas que não tem ligação alguma com suas frustrações.   

As pessoas odiadas podem ser representações simbólicas de suas memórias, por isso o termo “gratuito”. Pessoas eleitas por alguma insatisfação momentânea. Quem odeia, rejeita a aparência, gestos, postura, ou uma área que desperta inveja – “aquela pessoa recebeu o que eu não recebi, logo, a odeio”.

No entanto, ao pensar que o ódio não é o oposto do amor, penso que o bebê viveu a mistura, entre amar a mãe e ao mesmo tempo sentir muita raiva por não estar sentindo-se suprido por ela. E quando adulto pode odiar por não receber aspectos de suas exigências, mas poderá crescer e compreender. Poderá distinguir e re-significar a experiência, amadurecer seus sentimentos. E quem sabe, abandonar o odiar. 

“Caso você conheça pessoas assim, procure ser um agente de desconstrução do ódio gratuito. Estimule essa pessoa a conhecer-se melhor e aos demais. Não concordando, não apoiando as impressões fantasiosas e críticas na direção daquilo e daqueles que não conhece o suficiente. Torne-se um agente de transformação, torne-se um agente promotor do amor”.


Iseli Cruz.

Jan/17.

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